terça-feira, 4 de julho de 2017

OS IRMÃOS KARAMAZOV (REVISITANDO DOSTOYEVSKY)


 


Entre as dezenas de romances, novelas e contos de Dostoyevsky, é consensual considerar Os Irmãos Karamazov (Бра́тья Карама́зовы), como a sua obra maior. Maior não só pela extensão (as edições têm cerca de 800 páginas) como pela maneira como o autor aborda um tema que sempre lhe foi caro (consultem-se as obras anteriores) mas que é aqui desenvolvido, de forma sinuosa mas sempre bem determinada: as relações entre os homens e as destes com Deus.

Fyodor Mikhailovitch Dostoyevsky (1821-1881) foi um homem religioso, mas também possuído de imensas dúvidas, as quais procurou expressar nos seus livro. Descendente de uma família cristã, com variados ramos (ortodoxos russos, católicos romanos e católicos orientais), a sua obra reflecte uma inquietação profunda sobre o destino do ser humano e é, em larga medida, autobiográfica, traduzindo um percurso em que o autor se confunde por vezes com as suas personagens e em que o pano de fundo são as suas próprias recordações.

Nascido em Moscovo, desde cedo se interessou pela escrita, publicando a sua primeira novela, Pobre Gente, em 1846. Após a morte da mãe, quando ele tinha 15 anos, ingressou no Instituto de Engenharia Militar Nikolayev, onde se graduou, começando a traduzir livros, cumulativamente com o exercício da profissão, a fim de poder levar uma vida mais desafogada.

Em 1849, foi preso devido a pertencer a um círculo literário onde se discutia a proibição de livros que atacassem o regime tsarista. Condenado à morte, a sentença foi comutada em quatro anos de prisão na Sibéria seguidos de seis anos de exílio compulsivo do serviço militar.

Após o regresso da Sibéria (1854), Dostoyevsky começou a trabalhar como jornalista e iniciou as suas viagens pela Europa, desenvolvendo uma paixão pelo jogo que lhe criaria várias situações difíceis e que o levaria a contrair empréstimos para saldar as suas dívidas. Todavia, os livros (e diversas colaborações literárias) que entretanto foi escrevendo, tornaram-no célebre, permitindo-lhe arrecadar quantias confortáveis.

Na grande tradição da literatura russa, de Aleksandr Pushkin, Nikolai Gogol, Mikhail Lermontov, Ivan Turgeniev ou Nikolay Nekrasov a Lev Tolstoy, Anton Tchekhov, Mikhail Bulgakov, Boris Pasternak ou Vladimir Nabokov, ou mesmo Mikhail Cholokov ou Aleksandr Soljenitsin (estes já nascidos no século XX), Dostoyevsky é, com certeza, o nome maior da literatura russa dos últimos dois séculos. A sua vastíssima obra e a profundidade dos seus textos fazem dele um ícone precioso no meio dos símbolos que citámos. Entre as suas obras, avultam Humilhados e Ofendidos (1861), A Casa dos Mortos (1862), Crime e Castigo (1866), O Idiota (1869) Demónios (1872)[que Camus adaptaria ao teatro com o título de "Os Possessos"] e Os Irmãos Karamazov (1880), a sua derradeira obra, publicada pouco antes de morrer, porventura a mais célebre, e que Tolstoy conservava como livro de cabeceira. Recordemos que os livros do escritor tiveram uma rápida divulgação na Rússia e no estrangeiro e estão hoje traduzidos em mais de 170 línguas. Além dos seus predecessores russos, Dostoyevsky, espírito profundamente cultivado, recebeu influências muito diversas, desde Shakespeare, Cervantes, Victor Hugo ou Balzac a Dickens, Kant, Hegel, Schiller ou Edgar All­­an Poe.­­­

Não é propósito deste texto apresentar uma biografia de Dostoyevsky, mas porque a sua vida influenciou profundamente a sua obra (sem pretender voltar aqui à polémica de Proust contra Sainte-Beuve), e porque Os Irmãos Karamazov sofreram, mais do que qualquer outro dos seus livros, o reflexo do seu percurso pessoal, importa registar alguns acontecimentos ao longo da sua carreira.

O escritor nasceu em Moscovo em 11 de Novembro de 1821, filho do médico Mikhail Dostoyevsky e de Maria Nechayeva. Aprendeu a ler e a escrever com a mãe, tendo a Bíblia como livro de estudo. Desde criança que os pais se encarregaram de lhe despertar o gosto pela literatura e de lhe facultarem os livros mais importantes que se encontravam então traduzidos em russo.

Alguns meses antes da morte da mãe, em 27 de Setembro de 1837, os pais enviaram-no bem como ao irmão Mikhail para o já citado Instituto de Engenharia de São Petersburgo, levando-os assim a abandonar a carreira académica. Naquela escola militar revelou-se o seu carácter e a sua vontade de ajudar os colegas, o seu sentido de justiça, a sua crítica à corrupção reinante entre os oficiais e especialmente o seu interesse pela religião.

A sua primeira crise de epilepsia manifestou-se após a morte do pai, em 16 de Junho de 1839, que foi, oficialmente, vítima de um ataque cardíaco, mas um vizinho acusou os servos de o terem assassinado. Estes foram condenados mas posteriormente absolvidos por se tratar de um falso testemunho. Todavia, o irmão de Dostoyevsky, Andrey, perpetuou a história. Dois acontecimentos que serviram largamente para a estória de Os Irmãos Karamazov: a morte do pai Karamazov e o facto do seu assassino ser um criado (e também filho não reconhecido), o nebuloso Smerdiakov, ainda que se possa reconhecer por detrás a mão (ou a instigação) do filho Ivan, o ideólogo nihilista da família. Um parricídio simples que poderá ter sido um duplo parricídio. Subsiste ainda a ideia de que um sentimento de culpabilidade de Dostoyevsky, cujas relações com o próprio pai eram difíceis, poderá ter influenciado o desfecho da obra.

 
Casa de Dostoyevsky, no nº 23 da Malaya Morskaya Ulica, em São Petersburgo

Dostoyevsky, que pertencia ao Círculo Literário de Petrashevsky (anti-regime), foi, como dissemos, acusado de ler obras do famoso crítico Belinsky (socialista e ateu, que discutia a proibição de livros críticos da Rússia tsarista)) em sessões daquele grupo. Preso em 23 de Abril de 1849, foi, com os companheiros, encarcerado na inexpugnável Fortaleza de São Pedro e São Paulo, devido ao receio do imperador Nicolau I de uma reedição da revolução russa de 1825 ou do alastramento à Rússia da Revolução de 1848 na Europa. Os membros do círculo foram condenados à morte mas no último momento o tsar comutou a sentença em pena de prisão.




Durante quatro anos Dostoievsky esteve num campo de trabalhos forçados em Omsk, na Sibéria, mas apesar da sua frágil saúde conseguiu subsistir, ajudando mesmo os outros prisioneiros, que geralmente o respeitavam, ainda que alguns manifestassem reservas quanto às suas afirmações de carácter xenofóbico. Também o seu anti-semitismo suscitou controvérsia, ainda que tal estivesse naturalmente de acordo com o pensamento da época. Apesar de profundamente religioso, Dostoyevsky náo gostava dos padres, nem frequentava assiduamente a igreja. Curiosamente, tinha um especial interesse pelo islão, tendo mesmo pedido um exemplar do Corão ao seu irmão.

Libertado em 14 de Fevereiro de 1854, Dostoyevsky dirigiu algumas escolas infantis e entrou em contacto com algumas famílias de elevada posição social a quem lia passagens de jornais e revistas. Durante esse período conheceu Aleksandr Ivanovitch Isaev e Maria Dmitrievna Isaeva. Tendo o marido desta morrido em 1855, o escritor solicitou autorização militar para casar com a viúva, e também para publicar livros, embora continuasse sob vigilância policial até ao fim da sua vida. O casamento efectuou-se em Semipalatinsk, em 7 de Fevereiro de 1857. Atendendo à deterioração do seu estado de saúde, foi-lhe permitido regressar à Rússia, voltando a São Petersburgo.

Em 1862 e em 1863 visita diversos países europeus. Em 1864 morre a mulher, Maria e o irmão Mikhail. A sua situação financeira é agora bastante difícil pois tem de sustentar o enteado Pasha e a família do irmão. As suas obras vão tendo, entretanto, grande divulgação e suscitam o apreço dos leitores. Necessitando de uma secretária, um amigo apresenta-lhe Anna Grigoryevna Snitkina, com quem vem a casar, na catedral da Santíssima Trindade, em são Petersburgo, em 15 de Fevereiro de 1867. O seu primeiro filho, Sonya, nasce a 5 de Março de 1868, em Génève, mas morre três meses depois. Um segundo filho, Lyubov, nasce a 26 de Setembro de 1869, em Dresden. Um terceiro filho, Fyodor, nasce a 16 de Julho de 1871. Durante estes anos, e especialmente nas digressões ao estrangeiro, Dostoyevsky desenvolve o gosto pelo jogo, que só dificilmente abandonará [o seu romance O Jogador é de 1867]. O quarto e último filho, Aleksey, nascerá a 10 de Agosto de 1875.

Dado o seu imenso prestígio, em 1876 o Tsar Aleksandr II ordena-lhe que visite o seu palácio para apresentar o Diário e pede-lhe para se encarregar da educação dos seus filhos mais novos. Em 1877, é designado membro honorário da Academia Russa das Ciências.

Em 25 de Janeiro de 1881, após o assassinato de Aleksandr II, a polícia secreta faz uma busca no apartamento de um dos vizinhos do escritor. No dia seguinte, por essa razão ou não, Dostoyevsky sofre uma hemorragia pulmonar. O seu estado de saúde, já débil, agrava-se definitivamente.

Dostoyevsky morre em 9 de Fevereiro de 1881 e está sepultado no Cemitério Tikhvin, anexo ao Mosteiro de Aleksandr Nevsky, em São Petersburgo.

 
Mausoléu de Dostoyevsky, no Cemitério Tikhvin

 
Idem

Não é propósito deste já extenso artigo referir-se à imensa obra de Dostoyevky, nem às suas convicções políticas, raciais ou religiosas, mais do que brevemente se registou. Tão pouco ao seu estilo ou aos temas dos seus livros, quase sempre baseados em factos reais e onde muitas das personagens incarnam as várias facetas do escritor. A recepção da sua obra foi extraordinária e os mais importantes escritores contemporâneos não deixam de se lhe referir.

Os Irmãos Karamazov é o último romance de Dostoyevsky e foi previamente publicado na "Gazeta Russa" (Ру́сский ве́стник), em episódios, de Janeiro de 1879 a Novembro de 1880, prática então habitual em toda a Europa. Foi editado em livro em 1880, poucos meses antes da morte do autor. No Prefácio, Dostoyevsky considera que Alyocha é o herói da obra, mas admite imediatamente que essa interpretação se afigure estranha, deixando por isso à consideração dos leitores aceitarem ou não a sua intenção publicamente expressa.

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A exemplo de Pushkin, Turgeniev e Tolstoy, também Dostoyevsky entrou na língua francesa, mas talvez com mais dificuldade de que os precedentes. Deve-se especialmente a André Gide a grande divulgação do escritor junto do público francês, nomeadamente das suas últimas grandes obras. Num artigo publicado no "Figaro" de 4 de Abril de 1911, e incluído no ensaio Dostoïevski (1923), Gide cita uma reflexão do escritor a propósito de Os Irmãos Karamazov: «Il m'est rarement arrivé, écrit-il, d'avoir à dire quelque chose de plus neuf, de plus complet, de plus original.»




E Gide não terá sido alheio à teatralização de Os Irmãos Karamazov. É conhecida a ligação de André Gide aos importantes vultos da cultura do seu tempo, mas alguns, poucos, integravam uma espécie de círculo mais íntimo: Roger Martin du Gard (que, como Gide, também haveria de receber o Prémio Nobel da Literatura, Henri Ghéon, que após uma vida libertina se converteu ao mais estrito catolicismo, Jean Schlumberger, Gaston Gallimard e Jacques Copeau. Eles estiveram ligados ao projecto da "Nouvelle Revue Française" (NRF), donde emergiria a editora Gallimard, capitaneada por Gaston Gallimard, ainda hoje em poder da família e que se converteu na mais prestigiada chancela da edição francesa.

Na alocução que proferiu no Vieux-Colombier por ocasião da celebração do primeiro centenário de Dostoyevsky, Gide escreveu: «Ce qu'on a surtout reproché à Dostoïevski au nom de notre logique occidentale, c'est je crois, le caractère irraisonné, irrésolu et souvent presque irresponsable de ses personnages. C'est tout ce qui, dans leur figure, peut paraître grimaçant et forcené. Ce n'est pas, nous dit-on, de la vie réelle qu'il représente; ce sont des cauchemars. Je crois cela parfaitement faux; mais accordons-le provisoirement, et ne nous contentons pas de répondre, avec Freud, qu'il y a plus de sincerité dans nos rêves que dans les actions de notre vie. Écoutons plutôt ce que Dostoïevski lui-même dit des rêves, et des "absurdités et impossibilités évidentes dont foisonnent nos songes et que vous admettez sur-le-champ, sans presque en éprouver de surprise, alors même que, d'autre part, votre intelligence déploie une puissance inaccoutumée."» (Dostoîevski, 1923)

Não é pois de admirar que Gide tenha de alguma forma influenciado Copeau (1879-1949), que foi um dos mais importantes homens do teatro francês da primeira metade do século XX: actor, dramaturgo, director teatral, foi o fundador do Théâtre du Vieux-Colombier, em 1912, e que seria encerrado em 1924. Assim, Copeau, então com trinta anos, convocou o seu companheiro de escola e também homem de teatro Jean Croué, para fazerem a adaptação dramática de Os Irmãos Karamazov, obviamente um desafio monumental.

Dada a extensão do romance, os adaptadores privilegiaram o carácter de algumas das figuras e esforçaram-se por conservar o espírito que Dostoyevsky imprimira ao romance, especialmente a questão religiosa que sempre atormentara o autor. Homem conhecedor das Escrituras, que cita ao longo da sua obra, há nele, contudo, uma inquietação, largamente estudada, inclusive por Freud, quanto à existência de Deus e à imortalidade da alma, que obviamente os adaptadores mantiveram na peça. Espírito conservador, Dostoyevsky era contrário a uma república na Rússia, associava a oligarquia à democracia, pugnava por uma Rússia cristianizada e durante a Guerra Russo-Turca defendia a derrota do Império Otomano e a restauração do Império Bizantino. A famosa interrogação de Ivan, ainda que não formulada exactamente assim: «Se Deus não existe, tudo é permitido!» é uma das chaves do livro. Tal como a questão do livre arbítrio, objecto de infindáveis discussões ao longo da História. É verdade que Copeau e Croué omitiram um episódio "maior" do romance: a cena do Grande Inquisidor, aliás, episódio que é sempre referido quando se fala de Os Irmãos Karamazov. Ou para não alongarem mais o texto (mas poderiam ter suprimido outras partes) ou, talvez, porque se tratava de um diálogo (aliás um monólogo) que, então, seria passível de chocar um público católico mais conservador. Só os próprios, se fossem vivos, o poderiam justificar.





O episódio do Grande Inquisidor ocupa, no romance, entre 20 a 30 páginas, conforme as edições. Nunca é referido o nome do dignitário, mas presume-se que Dostoyevsky se referia ou a Tomás de Torquemada, Prior dos Dominicanos de Segóvia e primeiro Grande Inquisidor de Castela (célebre pelos autos-de-fé que mandou executar), ou mais provavelmente a Francisco Ximenez de Cisneros, cardeal-arcebispo de Toledo, terceiro Grande Inquisidor e mais conforme à descrição do romance. Sobre Cisneros, Walter Starkie publicou uma obra em dois volumes, O Grande Inquisidor (I, em 1945 e II, em 1946), relatando a vida e a acção deste prelado.




A história é simples: no romance, Ivan conta a Alyocha um poema que pensava escrever sobre um cardeal Grande Inquisidor de Castela. A acção passa-se em Sevilha e o cardeal vê numa praça um homem jovem pregando e fazendo milagres. Tem a intuição de que é o Cristo que voltou e que espalha novamente a  boa-nova, face a uma Igreja envolta em ouropéis e em autos-de-fé. E é assaltado pelo terror de que um regresso de Cristo possa destruir toda a obra pacientemente construída durante quinze séculos e que já pouco tem a ver com a doutrina original. Manda-o prender com intenção de que seja morto. Mas a meio da noite levanta-se e dirige-se sozinho à cela do preso para o interrogar. Quer ouvir da boca dele que é Ele o próprio Cristo mas não obtém resposta a todas as perguntas formuladas. Diz-lhe que a sua vinda só pode vir perturbar a Igreja, que está tudo bem tal como está e que Ele já não é preciso para nada. Fundou a Igreja, outros a continuaram e consolidaram as suas bases. A sua vinda agora seria um acto subversivo. Perante  fúria do Grande Inquisidor, Cristo nada lhe responde. No fim, o Senhor aproxima-se do prelado e dá-lhe um beijo nos lábios. O cardeal, atónito, desiste de o mandar queimar. Indica-lhe a porta da cela e manda-o embora dizendo-lhe: "Não tornes a aparecer, não voltes mais, nunca mais!"

É esta a cena que não consta da peça, na qual deveria ocupar um lugar preponderante.

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A peça Os Irmãos Karamazov, de Jacques Copeau e Jean Croué foi estreada no Théâtre des Arts (mais tarde Théâtre Hebertot), dirigido por Jacques Rouché, em 6 de abril de 1911, com encenação de A. Durec e o célebre Charles Dullin em Smerdiakov.

Foi reposta no Vieux-Colombier, em 10 de Março de 1914, com encenação do próprio Copeau, director do Teatro, mantendo-se Dullin como Smerdiakov e encarregando-se Copeau e Louis Jouvet dos papéis, respectivamente, de Ivan Karamazov e de Fyodor Karamazov.

A versão da peça, agora por mim traduzida, é a que foi representada no Théâtre de l'Atelier, em 20 de Dezembro de 1946, encenada por André Barsacq, com Maria Casarès em Gruchenka [ainda tive o privilégio de ver em Paris, há muitos anos, Maria Casarès na protagonista da Mãe Coragem].

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Porque não figuram na peça mas ajudam a compreender o enredo, devem citar-se algumas figuras secundárias: Adelaida Ivanovna Miussov, primeira mulher de Fyodor Karamazov e mãe de Dmitri; Sofia Ivanovna, segunda mulher de Fyodor e mãe de Ivan e Alyocha. E ainda Agata Ivanovna, irmã de Katerina Ivanovna.

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A obra de Dostoyevsky tem sido estudada pelos maiores vultos do pensamento universal. Apenas dois apontamentos. No seu livro Tolstoï ou Dostoïevski (1959), George Steiner escreve: «Aucun romancier anglais, écrit E. M. Forster, n'est aussi grand que Tolstoï, c'est-à-dire n'a donné un tableau aussi complet de la vie de l'homme, à la fois sous son aspect familier et sous son aspect héroïque. Aucun romancier anglais n'a exploré l'âme humaine aussi profondément que Dostoïevski.»




E Stefan Zweig, no seu ensaio Dostoïevski (1928) aborda o problema de Deus: «Tous les personnages de Dostoïevski, et lui tout le premier,ont ce diable en eux, qui pose le problème de Dieu et n'y répond pas. Ils ont ce "coeur supérieur" qui se torture lui-même avec ces questions. Stavroguine, ce diable fait homme, apostrophe soudain l'humble Schatov: "Croyez-vous en Dieu?" Comme un poignard il lui enfonce cette question dans le coeur. Schatov chancelle, pâlit, tremble, car les héros vraiment sincères de Dostoïevski frissonent devant cet aveu suprême (qui a si souvent fait trembler Dostoïevski lui-même et lui a causé une sainte angoisse). Comme Stravoguine s'acharne, il bégaie cette défaite: "Je crois en la Russie." Seule sa foi en la Russie lui fait accepter Dieu.»




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Existem várias adaptações cinematográficas de Os Irmãos Karamazov, a mais recente, em 12 episódios, para a televisão russa, dirigida por Yuri Morozov.




O compositor checo Leoš Janáček compôs uma ópera, Z mrtvého domu (Da Casa dos Mortos), 1927, a partir da obra homónima de Dostoyevsky.   

  





E fiquemos por aqui, que o texto já vai longo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Impressionante e exaustivo(tambem no sentido de deixar o leitor exausto) o texto erudito que acabamos de ler. Pessoalmente,vou dedicar-me ao livro do Steiner,autor que aprecio particularmente,pois o binómio Tolstoi/Dostoievski resume a encruzilhada da vida que podemos(?) fazer.