domingo, 16 de outubro de 2016

O MUSEU DE CAPODIMONTE, EM NÁPOLES



A subida ao trono napolitano de Carlos VII de Bourbon (1734-1759), filho de Filipe V de Espanha e de Isabel Farnese, foi crucial para a cidade. Depois de cerca de dois séculos de vice-reis espanhóis (1503-1707) e 30 anos de dominação austríaca (1707-1734), Nápoles voltou a ser a capital de um reino independente.

Uma das preocupações do jovem soberano consistiu na reorganização urbanística da cidade. Em 1738 encomendou a Antonio Medrano a edificação de um palácio nos bosques verdejantes da colina de Capodimonte, que dominam a baía em frente ao Vesúvio, a mais extensa reserva natural de Nápoles, com mais de cento e vinte hectares. O palácio passa a ser utilizado como residência real, nos dias de diversão, especialmente na época de caça, e como local de exposição das colecções preciosas herdadas por Carlos VII de sua mãe Isabel Farnese, filha dos duques de Parma e de Piacenza.

Por vontade régia, foram transferidas para o Palácio de Capodimonte as obras de arte (pintura e escultura) que se encontravam nos palácios Farnese de Roma, Parma, Piacenza e Colorno. As obras clássicas recuperadas das escavações de Ercolano e de Pompeia foram colocadas no Real Museo Borbonico, hoje Museo Archeologico Nazionale. Em 1759, Carlos de Bourbon, que usara o nome de Carlos VII como rei de Nápoles, sucedeu a seu irmão Fernando VI no trono de Espanha com o nome de Carlos III. Sucedeu-lhe em Nápoles o seu terceiro filho, Fernando IV, que reinou de 1759 até Janeiro de 1799, quando foi deposto pela República Partenopeia, depois, de Junho de 1799 até 1806, quando foi deposto por Napoleão Bonaparte, e finalmente de 1815 a 1816. Em 1816, juntou a Sicília à coroa de Nápoles e proclamou-se rei das Duas Sicílias, reinando até à data da sua  morte em 1825. Entre 1808 e 1815 foi rei de Nápoles o marechal francês Joachim Murat, que foi fuzilado em 1815, após a queda de Napoleão.

Serve esta pequena digressão dinástica para explicar que apesar das sucessivas mudanças no trono, o Palácio de Capodimonte foi objecto de cuidado especial por parte dos monarcas. Durante o "Decénio Francês", Murat e sua mulher Carolina Bonaparte mandaram executar trabalhos de restruturação e decoração (passando a usá-lo como residência) e após a restauração borbónica o Palácio converteu-se num lugar privilegiado da vida da corte e dos grandes acontecimentos.

Com a unificação de Itália são ampliadas as instalações museológicas do Palácio, que se torna propriedade da Casa de Saboia e serve de residência do duque de Aosta até ao fim da Segunda Guerra Mundial. Em 1957, depois de chegarem as colecções de arte medieval e moderna anteriormente expostas no Museu Arqueológico, nasce o Museo e Gallerie Nazionali di Capodimonte.

Importa salientar que o Museu cresceu à volta da impressionante colecção Farnese, herdada por Isabel Farnese, e da colecção do cardeal Stefano Borgia, adquirida pelos Bourbons em 1817. Para mais informações sobre as transferências de colecções pode ver-se o post que publiquei aqui sobre o Museu Arqueológico de Nápoles.

Reproduzimos imagens do exterior e das principais peças expostas:








Justiça Farnese (Giorgio Vasari)
Antinoo (Guglielmo della Porta)
Cardeal Alessandro Farnese, futuro papa Paulo III (Rafael)

Cardeal Alessandro Farnese, futuro papa Paulo III (Tiziano)
Leão X com dois cardeais (Andrea del Sarto)
Paulo III (Tiziano)
Paulo III com os sobrinhos (Tiziano)
Carlos Quinto (Tiziano)
Filipe II (Tiziano)
Assunção da Virgem (Masolino da Panicale) - Parte central de um tríptico de duas faces cujas portas laterais se encontram em Londres e Filadélfia
Juízo Universal, a partir do fresco de Miguel Ângelo (Marcello Venusti)
Madonna del velo (Sebastiano del Piombo)

Madonna del Passeggio (Rafael)
Assunção da Virgem, com São João Baptista e Santa Catarina de Alexandria (Fra Bartolomeu [della Porta])
Duplo retrato masculino, figurando Ottavio Farnese, duque de Parma e Piacenza e Francesco De Marchi, arquitecto militar (Maso da San Friano [Tommaso Mazzuoli])
Danae (Tiziano)
Madalena penitente (Tiziano)


São Sebastião


Rinaldo e Armida (Ludovico Carracci)
Hércules na encruzilhada (Annibale Carracci)

Baco (Annibale Carracci)
Quarto de dormir de Francisco I e Maria Isabel de Espanha
As Quatro Estações (Guido Reni)
Atalanta e Hipomene (Guido Reni)
A Parábola dos Cegos - O Misantropo (Pieter Bruegel, o Velho)




Carlos Quinto (Bernart van Orley)
Queda de Ícaro (Carlo Saraceni), ao centro
Francesco Albotto
Il ponte di Rialto (Francesco Guardi), Vaprio e Canonica verso sud della riva occidentale dell'Adda (Bernardo Bellotto), Veduta della isola di San Giorgio Maggiore (Francesco Guardi)

Assunção de Madalena (Sebastiano Ricci)
Sala della Culla (Sala do Berço) - O nome recorda o berço dado pela cidade de Nápoles aos Saboias, pelo nascimento de Vítor Manuel III. O nome antigo era Gran Galleria color cece. O pavimento em mármore da época romana provém da Villa Jovis, de Tibério, na ilha de Capri
Carlo di Borbone in abiti da cacciatore (Antonio Sebastiani)
Idem
Carlo di Borbone in visita alla Basilica di San Pietro (Giovanni Paolo Panini)
Carlo di Borbone in visita a Benedetto XIV nella cofee-house del Quirinale (Giovanni Paolo Panini)

Fernando IV (Anton Raphael Mengs)
Maria Amalia de Saxonia (Francesco Liani)
Sala de jantar - Retrato da Família de Fernando IV (Angelica Kauffman)
Salão de festas (Antonio Niccolini)
Gruppo presepiale 'dell'elefante' - Manifattura napoletana
Carro de Vénus (Filippo Tagliolini)
Salotino di porcellana (Real fabbrica della porcellana di Capodimonte)
Idem
Idem
Napoleão I (François Gérard)
Letizia Ramolino Bonaparte (Antonio Canova)
Diana caçadora (Richard James Smith)
Saffo (Tito Angelini)
A Morte de Virginia - A Morte de César (Vincenzo Camuccini)
Ulisses na corte de Alcino (Hayez)

Pastor com pífaro (Salvatore Irdi)



Cibório (Cosimo Fanzago)
Sete tapeçarias representando cenas da batalha de Pavia, entre o exército imperial de Carlos Quinto e o exército do rei Francisco I de França (Manufactura flamenga)
Políptico com a história da Paixão (Manufactura de Nothingham)
São Luís de Tolosa (Simone Martini)

Flagelação (Caravaggio)
Idem
Idem
Pretendemos fornecer um panorama das obras existentes neste notável Museu de Capodimonte. As imagens não têm a qualidade que desejávamos, mas tal deve-se principalmente à rapidez com que tivemos de fotografar as centenas de peças expostas, das quais se reproduz apenas uma parte.


Sem comentários: