sábado, 10 de setembro de 2016

O OCULTISMO NO ANTIGO EGIPTO




Publicado em 1987, o livro La Science Occulte Égyptienne, de Jean-Louis Bernard (especialista em egiptologia e ocultismo), pretende informar-nos sobre as ciências ocultas do Antigo Egipto. Usando uma linguagem demasiado hermética, como é próprio de uma obra desta natureza, encontra-se dividido em cinco capítulos:

1) O Homem Oculto
2) A Alquimia
3) A Tanatologia
4) A Ancestralidade
5) O Eterno Presente de Amon

No fundo, trata-se de uma viagem iniciática à terra dos Faraós, muito pormenorizada em vários aspectos, mas acusando alguma desactualização, pois conta já com trinta anos após a sua publicação, e a investigação das últimas décadas permitiu corrigir algumas "verdades" históricas.

Não é naturalmente possível fazer aqui sequer um resumo da obra, mas diga-se que são analisados muitos conceitos da "espiritualidade egípcia", ainda que, muitas vezes, de forma desordenada.

Uma das "novidades" é a identificação da célebre figura do scribe accroupi existente no Museu do Louvre, que o autor identifica como Sekhem Kaï, nome que significa "Poderoso é o meu ka!". A noção de ka é explicada ao longo do livro, com a insistência de que não tem a ver com a nossa ideia de alma, que será o ba, mas como um duplo do eu, isto simplificado, é claro. O khaibit seria como uma sombra do homem, a que Bernard chama também shout. Para uma melhor compreensão destes conceitos relacionados com a alma, que surgem com interpretações confusas no livro, poderá consultar-se o site seguinte:

http://www.thekeep.org/~kunoichi/kunoichi/themestream/egypt_soul.html#.V9Qa6a3NklQ

Também uma questão que preocupa Bernard é a discussão sobre as origens do monoteísmo. Ao contrário da versão comummente aceite de que o seu precursor foi Akhenaton e que Aton seria a primeira divindade única, o autor contrapõe-lhe Amon.

Um outro aspecto do livro com interesse é a "animalização" dos deuses. Referências especiais são feitas à deusa Bastit (gata) e à deusa Sekhmet (leoa). E também a Khnum (carneiro) e a Sobek (crocodilo).

Numa "Meditação Final" o autor fala da sida e da quintessência do sangue e lamenta que tenha desaparecido a insólita medicina dos sacerdotes de Sekhmet. E sobre as doenças do sangue, remete-nos para os aztecas e para os hindus.

Sendo uma simbiose de egiptologia e de ocultismo, os egiptólogos não perfilharão inteiramente as suas teses, muitas vezes recorrentes a Papus e a René Guénon. Mas não deixa de ser um livro interessante, que muito ganharia se fosse mais ordenado e mais conciso. Porém, será esta a forma que agrada ao autor.


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