quarta-feira, 11 de novembro de 2015

EVOCANDO PALMYRA



 
Tem sido Palmyra (hoje, em árabe, Tadmur) bastas vezes evocada pelos órgãos de informação nos últimos tempos, a propósito dos actos de vandalismo perpetrados nas ruínas antigas daquela cidade síria pelo autodenominado Estado Islâmico.

Por isso, apraz-me referir a primeira (e única) gravação mundial ao vivo da ópera Aureliano in Palmira, efectuada em 2014 (Festival de Ópera de Rossini, em Pesaro) e recentemente editada em dvd. Existe, é certo, uma outra gravação em dvd, menos difundida, da produção desta ópera, em 2011, no Festival della Valle d'Itria.



Aureliano in Palmira foi estreada no Teatro alla Scala de Milão, em 26 de Dezembro de 1813, tinha Rossini 21 anos apenas, e o libretista da ópera, Giuseppe Felice Romani, 25 anos, e o espectáculo constituiu um êxito.

Conta a história que Zenóbia, rainha de Palmyra, cujos domínios se estenderam até ao Egipto, e se pretendia descendente de Dido, rainha de Cartago, reinou vários anos sobre o Médio Oriente, enfrentando as tropas romanas. Todavia, o imperador Aureliano, após uma série de batalhas, acabou por vencê-la em 274, levando-a cativa para Roma, onde foi, reza a lenda, passeada pela cidade, no cortejo de triunfo do imperador. Não são coincidentes os relatos sobre a sua vida em Roma. Segundo uns terá sido decapitada, segundo outros terá morrido de doença, crêem alguns que acabou os seus dias numa bela villa em Tivoli, concedida por Aureliano, impressionado pela sua beleza e dignidade.

É mais romântico o enredo da ópera. Na sua magnanimidade, Aureliano, que estaria apaixonado por Zenóbia, desistiria dos seus intentos ao sabê-la também apaixonada por Arsace, rei dos Persas, igualmente derrotado pelo imperador. Num gesto liberal, este aprovaria o enlace, devolvendo aos soberanos vencidos as respectivas terras.

Alguns acordes especialmente felizes desta ópera seriam aproveitados por Rossini para Il Barbiere di Siviglia, que, apresentada três anos mais tarde, conheceu o favor do público, obteve uma carreira triunfal, e continua a constituir hoje uma peça de repertório indispensável em qualquer teatro lírico.

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