sábado, 31 de outubro de 2015

O MUSEU ARQUEOLÓGICO DE HERAKLION



As primeiras antiguidades cretenses foram colocadas em 1883 num anexo da catedral de Aghios Minas. À medida que as escavações progrediram na ilha e novos objectos vieram enriquecer a colecção existente, foi decidido pelas autoridades autónomas criar um museu, que foi instalado primeiro num quartel da cidade e depois num edifício erguido no local de um antigo convento franciscano.


Vestígios do antigo Mosteiro de São Francisco

Em 1937, começou a ser construído, nesse mesmo local,  o actual museu (Praça Eleftherias), segundo o projecto do arquitecto Patroklos Karantinos (com fundações anti-sísmicas), que viria a ser inaugurado em 1940. Encerrado devido à Segunda Guerra Mundial, foi reaberto em 1952, tendo os objectos, que foram devidamente preservados durante o período de ocupação alemã da ilha, reocupado o primitivo lugar. O afluxo de novos achados levou a progressivas ampliações e modificações, que determinaram o encerramento provisório e parcial deste museu em 2001, tendo sido finalmente aberto ao público, na expressão actual, em 6 de Maio de 2014. No seu jardim pode observar-se os restos arquitecturais do primitivo mosteiro veneziano de São Francisco.


Pela sua importância, o Museu Arqueológico de Heraklion é o segundo maior da Grécia. Os objectos estão distribuídos por 27 salas, que ocupam o rés-do-chão e o primeiro andar, e que abrangem um período que vai da época Neolítica (6º milénio AC) até à ocupação romana (século III). É especialmente célebre por albergar as obras-primas da arte minoica, vindas dos palácios de Cnossos, Phaistos, Malia, Zakros e Aghia Triada.


Devido à sua "recente" reabertura, lamentavelmente não existe ainda um catálogo do Museu na versão actual, mas apenas um folheto que se reproduz. Todavia, consegui descobrir numa loja um catálogo propriamente dito, editado antes das últimas remodelações e, por isso, incompleto.

A planta do Museu que se inclui abaixo é a que consta do folheto e apresenta a configuração actual:



No rés-do-chão, encontram-se as salas I a XII (colecção minoica) e as salas XXVI e XXVII (colecção de esculturas). No primeiro andar, a sala XIII exibe os frescos minoicos e as salas XV a XXII os objectos do período histórico. As colecções particulares de S. Giamalakis e N. Th. Metaxas são apresentadas em secção separada na sala XXIII,  e o reflexo da influência do passado minoico de Creta  nos tempos antigos e modernos encontra-se nas salas XIV e XXV. A sala XXIV é um hall de leitura.

Mais discriminadamente temos:

As salas I e II apresentam objectos representativos da vida em Creta no período Neolítico e na Idade do Bronze (6000-1900 AC). Artigos de cerâmica e de luxo de Cnossos e dos túmulos tholos (circulares) de Mesara, bem como dos complexos de sepulturas de Malia, Mochlos e Archanes. Pode ver-se o famoso pendant de ouro em forma de abelha proveniente de Malia, que testemunha o requintado gosto minoico. Igualmente são enaltecidos os aspectos do culto através de oferendas votivas de figurinhas de barro dos santuários.





"Pendant" de ouro de Malia

A sala III apresenta aspectos da vida, economia e administração na altura da construção dos primeiros palácios de Cnossos, Phaistos e Malia (1900-1700 AC). Entre as peças mais importantes, os vasos policromados de Kamares, o exemplo mais representativo de um "serviço de jantar real" de Phaistos.


Maqueta do Palácio de Cnossos




As salas IV e V mostram-nos a consolidação do sistema palacial, com a construção dos novos palácios e villas (1700-1450 AC), bem como o desenvolvimento do comércio marítimo. Uma das peças notáveis é o Disco de Phaistos, o mais antigo exemplo conhecido de um texto minoico, provavelmente de natureza religiosa.

Disco de Phaistos (Lado A)
Disco de Phaistos (Lado B)




Baloiço

A sala VI é dedicada à vida diária, aos desportos e aos espectáculos em geral. Entre as peças mais famosas figuram a estatueta de marfim de um acrobata, o fresco do "salto sobre o touro" do palácio de Cnossos, o punhal de Malia e o ritão de Aghia Triada.


"Salto sobre o touro"
Punhal de Malia
Ritão de Aghia Triada
Acrobata

Nas salas VII e VIII exibem-se aspectos da vida religiosa. Figuras e vasos rituais provenientes dos santuários, o ritão em serpentina negra com cabeça de touro, as famosas "Deusas das Serpentes" do templo do palácio de Cnossos, os vasos rituais de pedra do palácio de Zakros, os anéis de sinete de ouro com cenas de epifania.


Ritão em serpentina negra
A grande e a pequena deusa das serpentes

A sala IX apresenta a fase final de utilização do palácio de Cnossos (1450-1300 AC) juntamente com os achados dos cemitérios locais e de Kamilaris Phaistos (1900-1300 AC). Em lugar especial as tabuinhas de barro com inscrições em Linear B que fornecem informação sobre a administração e a economia palacial.

Tabuinha com inscrições em Linear B

Na sala X encontram-se objectos descobertos nos túmulos de mortos ilustres de Cnossos, Archanes e Phaistos, especialmente da última fase palacial.

Casa cretense

Na sala XI podem ver-se achados das residências, santuários e cemitérios do período subsequente ao colapso do sistema palacial. Particularmente interessantes as grandes figuras de barro de deusas com os braços erguidos provenientes de Kannia Gortys e Gazi.
 



Esqueleto de um cavalo

A sala XII é dedicada ao mundo dos mortos e às crenças na vida post-mortem, como é reflectido em representações nos lárnaques  (pequenos caixões para guardar cinzas ou restos humanos).

Sarcófago de Aghia Triada

Passando ao primeiro andar, a comprida sala XIII exibe os frescos minoicos. Podem admirar-se obras famosas, como o "Príncipe dos Lírios", o "Copeiro", as "Senhoras de Azul", "A Parisiense" e os "Golfinhos".

"Príncipe dos Lírios"
"Copeiro"
"Senhoras de Azul"
"A Parisiense"
"Golfinhos"
"Grifos"

As salas XV a XVII apresentam peças da sociedade cretense do início da Idade do Ferro. A vida diária, a organização do Estado com a promulgação e gravação das primeiras leis, o comércio florescente  na bacia do Mediterrâneo a favorecer os contactos culturais entre os povos vizinhos, tudo isto ilustra o carácter particular da sociedade cretense no 1º  milénio AC.


As salas XVIII e XIX mostram os cemitérios dos primeiros séculos históricos, com particular ênfase na estela do sepulcro de Prinias (sítio arqueológico entre Gortyna e  Cnossos). E também a criação do alfabeto grego através das mais antigas inscrições que sobreviveram em Creta.

Sarcófago de mármore de Malia

A sala XX cobre a época da criação das cidades-estado e dos seus santuários do período clássico ao romano (500 AC-300).


A sala XXI mostra a evolução da cunhagem das moedas cretenses.

Moeda de prata com a cabeça de Minos no anverso e o Labirinto no reverso

A sala XXII conclui a visita do primeiro andar, com os cemitérios dos períodos helenístico e romano. Podem ver-se as oferendas funerárias dos cemitérios de Cnossos e Hersonissos que com a única estátua funerária de bronze de Ierapetra compõem a paisagem da morte nestes recuados tempos.


Estátua de bronze de um rapaz, proveniente de Ierapetra

Voltando ao rés-do-chão, as salas XXVI e XXVII abrigam a colecção de esculturas. Entre as peças principais, a estátua acéfala de mármore do imperador Adriano, a estátua de mármore de um filósofo, proveniente de Gortyna, a estátua de mármore de Hermes, a estátua de mármore de Afrodite, segurando uma bacia, também proveniente de Gortyna, etc.

Busto do imperador Adriano

Estátua do imperador Adriano
Hermes
Afrodite
Plutão e Perséfone (ou Proserpina)
Pan

Estátua de um filósofo
À saída,


pode tomar-se uma bebida na cafetaria ou nos jardins do Museu.


2 comentários:

Ana Paula disse...

Muito obrigada por me proporcionar esta visita virtual.

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

Ana Paula, fico muito satisfeito que tenha apreciado este pequeno contributo.