quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

REGRESSO A LJUBLJANA: AS IGREJAS (CONTINUAÇÃO)



Igreja S. Floriano


Continuando a peregrinação pelas igrejas de Ljubljana, outra igreja que não consegui visitar foi a Igreja de S. Floriano, situada em Gornji Trg, templo que data de 1696.

Igreja S. Floriano (Fonte)

Deve salientar-se a fonte de S. Floriano e a estátua de S. João Nepomuceno, na fachada.

Igreja S. Floriano (Estátua S. João Nepomuceno)

Igreja S. Floriano (Estátua S. João Nepomuceno, pormenor)


Igreja Sérvia

Em compensação, encontrei aberta, prestes a encerrar, quando saía da Galeria Nacional, a Igreja Ortodoxa Sérvia de S. Cirilo e S. Metódio, entre a Rua Tivolska e a Rua Prešeren.

Igreja Sérvia

Possui cinco cúpulas com cruzes douradas e foi construída em 1940, segundo projecto do arquitecto Momir Korunović. O iconóstase é do pintor Mirko Šubic.

Igreja Sérvia

A primeira pedra foi lançada em 1932 pelo patriarca Varnava Rosić, da Sérvia, e a igreja foi consagrada em 23 de Outubro de 2005, pelo patriarca Pavle, da Sérvia, com a presença do presidente Janez Drnovšek, da Eslovénia e do arcebispo de Ljubljana, Alojz Uran.


Igreja Sérvia

No acto da consagração, foram depositadas na igreja as relíquias de Santo Atanásio, trazidas do Vaticano e simbolizando a integração da unidade cristã (católicos e ortodoxos).

Križanke

O Mosteiro da Santa Cruz dos Cavaleiros da Ordem Teutónica (Križanke, que significa cruzado), hoje desafectado do serviço religioso, encontra-se na Praça da Revolução Francesa.

Križanke

Começado a construir em 1228, foi danificado pelo terramoto de 1511 e parcialmente reconstruído entre 1567 e 1579. A igreja original foi completamente remodelada em estilo barroco em 1714/5, em forma de cruz grega, segundo projecto do arquitecto veneziano Domenico Rossi.

Križanke

O Hall dos Cavaleiros foi construído durante o século XVIII, tendo Križanke continuado a servir como mosteiro até 1945, data em que o complexo foi nacionalizado.

Križanke

Em 1952, os representantes da cidade encarregaram o arquitecto Joše Plečnic de proceder à remodelação do mosteiro abandonado, transformando-o num recinto para a realização do Festival de Ljubljana.

Križanke

Já exteriores ao perímetro central de Ljubljana, existem ainda algumas outras igrejas importantes que não tive oportunidade de visitar: a Igreja de S. Pedro, a Igreja de S. João Baptista, a Igreja de S. Francisco, a Igreja de S. Miguel e a Igreja da Visitação de Maria.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

REGRESSO A LJUBLJANA: AS IGREJAS


Catedral

Continuando a recordar a minha estada em Ljubljana, evocarei hoje as igrejas. Tarefa difícil já que, à excepção de duas, encontrei sempre fechadas as outras igrejas que gostaria de visitar.

Catedral

Começarei pela Catedral de S. Nicolau, um belo edifício barroco (originalmente uma igreja gótica) que se tornou a sede da diocese de Ljubljana, criada pelo imperador Frederico III em 1461. No final do século XVIII a catedral foi ligada por uma passagem ao palácio episcopal, residência famosa onde pernoitaram vários imperadores da Áustria, Napoleão Bonaparte, o czar Alexandre I e, mais recentemente, o papa João Paulo II.

Catedral

 Dotada de uma cúpula com dois campanários, é célebre pelos seus frescos, esculturas, vitrais, portas de bronze e outras preciosidades e está situada na Praça Cirilo e Metódio, junto ao Mercado Central da cidade.

Catedral

Em 1996, antes da visita do papa, duas das portas foram substituídas por versões de bronze monumentais. A porta da frente, agora chamada Porta Eslovena, comemora o aniversário do estabelecimento do cristianismo na Eslovénia, em 1250. A Porta Lateral, que agora se chama Porta de Ljubljana, foi decorada com os retratos dos bispos de Ljubljana no século XX.

Catedral
Catedral

Palácio Episcopal
Palácio Episcopal


Igreja Franciscana

A outra igreja que consegui encontrar aberta foi a Igreja Franciscana da Anunciação, na Praça  Prešeren. Construída no século XVII, no lugar de uma velha igreja, foi remodelada no princípio do século XVIII em estilo barroco e redesenhada no século XIX. O altar-mor foi realizado pelo célebre escultor Francesco Robba. Pertenceu à Ordem Agostiniana até 1784, altura em que os Franciscanos para lá se deslocaram, abandonando as primitivas instalações no que é hoje o Mercado Central.

Igreja Franciscana

Anexo à igreja existe o Mosteiro Franciscano, que data do século XIII, e cuja biblioteca conta para cima de 70.000 livros. O Mosteiro foi fundado em 1233 e estava inicialmente localizado na Praça Vodnik.

Igreja S. Tiago

Igreja S. Tiago (foto de arquivo)

Passei várias vezes e a diversas horas pela Igreja de S. Tiago, na Praça Levstikov,  mas encontrei-a sempre fechada. Esta igreja foi construída em estilo barroco no princípio do século XVII, no lugar de uma velha igreja gótica edificada no século XV pela Ordem Agostiniana. Adquirida pelos jesuítas em 1598, foi a primeira igreja jesuíta em toda a Eslovénia. O interior foi projectado pelo arquitecto italiano Francesco Robba, e, depois do terramoto de 1895, reconstruída por Raimund Jeblinger e Janez Šubic.

Igreja S. Tiago (Coluna da Virgem Maria)

No largo fronteiro à igreja foi erigida em 1682 uma coluna assinalando a  vitória dos Habsburg contra os turcos otomanos na batalha de Saint Gotthard. A coluna foi dedicada à Virgem Maria e desenhada por Wolf Weisskirchner.

Palácio Gruber

Palácio Gruber

Palácio Gruber

Em frente à igreja encontra-se o Palácio Gruber, onde estão hoje sediados os Arquivos Nacionais da Eslovénia.

Igreja Santíssima Trindade

Também nunca encontrei aberta a Igreja da Santíssima Trindade, das Irmãs Ursulinas, situada na Rua Slovenska, frente à Praça do Congresso.

Igreja Santíssima Trindade (foto de arquivo)

Contruída em estilo barroco, entre 1718 e 1726, o seu altar-mor deve-se também ao grande arquitecto Francesco Robba. A torre do sino foi destruída pelo terramoto de 1895, sendo reconstruída nos princípios do século XX.

Igreja Santíssima Trindade

Em frente da igreja ergue-se a Coluna da Santísima Trindade, construída em 1722. As estátuas originais, atribuídas a Francesco Robba, foram susbtituídas em 1834 por uma réplica, sendo as originais transferidas para o Museu da Cidade. Depois do terramoto, a Coluna foi reedificada e recolocada em 1927 no local actual, segundo projecto do arquitecto Jože Plečnik.

Coluna da Santíssima Trindade

Coluna da Santíssima Trindade



sábado, 21 de fevereiro de 2015

PANTEÃO NACIONAL OU ALBERGUE ESPANHOL




Informa a comunicação social de que os deputados de todos os partidos representados na Assembleia da República aprovaram ontem, por unanimidade, a trasladação dos restos mortais de Eusébio para o Panteão Nacional. Se a memória não me falha, essa ideia foi avançada pelo deputado socialista Alberto Martins (que se "celebrizou" na vida por ter interrompido uma sessão na Universidade de Coimbra em que estava presente o então presidente da República Américo Thomaz) aquando da morte daquele jogador de futebol.

Tive ocasião de escrever aqui e aqui sobre o que considero serem as condições essenciais para uma figura merecer honras de Panteão, já que a legislação sobre a matéria é um pouco elástica, embora não tanto que permita arrumar no local os despojos de quem, no momento, melhor e mais oportunisticamente serve os interesses político-partidários.

Não sendo o Panteão por natureza inesgotável em termos de espaço, recomendaria o bom senso que ali fossem depositados os Homens que mais relevantes serviços houvessem prestado à Pátria, não só para os distinguir dos demais, mas para que outros não ocupassem o espaço que àqueles é devido.

Parece, contudo, que não é esse o entendimento dos representantes da Nação ou de quem lhes dá as ordens. Nunca percebi porque foram colocadas no Panteão Nacional as ossadas de Humberto Delgado e de Amália Rodrigues, ainda que esta merecesse condigna sepultura, e mesmo um monumento funerário, no cemitério em que descansava. Ou porque, mais recentemente, a poetisa Sophia de Mello Breyner para lá foi trasladada, quando vultos eminentes da política e da cultura portuguesa, como Passos Manuel (o criador do Panteão) ou Jorge de Sena, permanecem de fora.

Pelo caminho que as coisas levam, o Panteão Nacional corre o sério risco de a breve trecho se transformar num albergue espanhol onde há sempre, e sabe Deus como, lugar para mais um.

Nota: Espero sinceramente que os ilustres parlamentares acautelem desde já um espaço para Cristiano Ronaldo (cujo passamento desejo muito distante) pois, já que entrámos no domínio do futebol, creio que é até hoje, e ainda é muito novo, o mais ilustre representante português da modalidade e o português mais universalmente conhecido.


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

REGRESSO A LJUBLJANA: OS MUSEUS




Já passaram mais de três meses sobre a minha deslocação a Ljubljana mas afazeres vários não me permitiram publicar todos os posts que pretendia divulgar sobre a capital da Eslovénia. Retomo hoje o assunto.

Não sendo uma grande cidade, muito pelo contrário, Ljubljana possui alguns museus interessantes, de que convém destacar o Museu Nacional, o Museu da Cidade e a Galeria Nacional, aqueles que tive oportunidade de visitar.

Creio que dos três o mais importante é a Galeria Nacional (Narodna Galerija), lamentavelmente em obras naquela altura. Possui este museu dois corpos, um dedicado à arte nacional, o outro às colecções estrangeiras. Devido aos trabalhos em curso, o corpo principal, que alberga a arte eslovena, encontrava-se encerrado, pelo que as colecções transitaram para o corpo anexo, desalojando a arte estrangeira para um depósito,  onde não tive oportunidade de vê-la. Restou-me uma consolação: existia um catálogo das colecções estrangeiras, mas não posso reproduzir aqui qualquer pintura ou escultura eslovena (salvo de memória), que apreciei mas das quais não existia catálogo nem  mesmo na língua do país.


Assim, referirei tão só algumas obras estrangeiras, a partir do respectivo catálogo, e duas ou três eslovenas a partir de reproduções noutros suportes.

A Galeria Nacional foi fundada em 1918 e instalada no edifício actual em 1925. Em 1928 foi criada a primeira colecção permanente de arte eslovena, inaugurada em 1933. Em 1946 a Galeria Nacional tornou-se uma instituição estatal e em 1951 o acervo foi dividido com o novo Museu de Arte Moderna, localizado num edifício fronteiro. Em 1993 ficou concluída a nova ala que passou a ficar ligada ao corpo principal por um hall construído em 2001. Em 2008 foi transportada para esse hall a célebre Fonte  de Robba, que estava no largo da Câmara Municipal, onde hoje se encontra uma réplica. Em 2012 iniciaram-se as obras de remodelação do edifício principal, cuja conclusão está prevista para o ano corrente.


As colecções estrangeiras abrangem pintores italianos, espanhóis, flamengos, holandeses e alemães.

Reproduzimos algumas telas, incluindo pintores eslovenos:

Imperatriz Maria Teresa (Martin van Meytens, o Jovem)


Imperador Francisco I (Martin van Meytens, o Jovem)
Prometeu Agrilhoado (Luca Giordano)
Os Jogadores de Cartas II (Almanach)
Fócio com a Esposa e uma Mulher Jónia Rica (Franc Kavčič)
Antes da caçada (Jurij Šubic)
Galeria Nacional
Galeria Nacional - Fonte de Robba
Galeria Nacional - Fonte de Robba (pormenor)
Hall de ligação entre as duas alas da Galeria

O Museu Nacional de Ljubljana (Narodni Muzej Slovenije) também não possui nem catálogo, nem o mais simples folheto relativo à instituição e ao seu conteúdo. É hoje, aliás, um museu dedicado principalmente à história natural. Foi criado em 1821 e as pinturas que possuía foram quase na totalidade entregues à Galeria Nacional.






Busto de Franc Prešeren
Busto do Imperador Adriano
O Cidadão de Emona





Estátua de Janez Valvasor


O Museu da Cidade de Ljubljana evoca de certa maneira a evolução da cidade através dos séculos, conferindo especial importância às suas origens romanas. Conhecida como Emona no tempo do Império, conserva-se no Museu Nacional o original da estátua de um homem romano, conhecido como o Cidadão de Emona (século IV), de que existem reproduções neste museu e no Parque Zvezda (Estrela) ao lado da Praça do Congresso.




Imperador Augusto
No folheto que se reproduz encontra-se a descrição sumária do acervo do Museu:

(Clique nas imagens para aumentar)

No percurso do Museu, onde se assinala que a cidade pertenceu, desde 1800, a franceses, austríacos, italianos, alemães, jugoslavos e, finalmente, aos eslovenos, é curioso notar que não foram omitidos os diversos governantes, ainda que tenham desagradado aos súbditos.

Pode assim ver-se, consecutivamente, as armas imperiais dos Habsburg, o busto de Hitler, o medalhão de Mussolini ou o busto de Tito, numa eloquente demonstração de que a História não se apaga. Confesso que não pude evitar de sorrir ao lembrar-me de uma polémica ocorrida há meses na nossa Assembleia da República pelo facto de, numa exposição dos chefes de Estado de Portugal, estarem expostos os bustos dos presidentes da República do Estado Novo. É por causa destes pequenos pormenores, valorizando o acessório e desprezando, por vezes, o essencial, que a nossa Esquerda nunca mais se endireita (utilizando aqui o verbo endireitar-se não como passagem à Direita, obviamente, mas como assunção de verticalidade).

Águia imperial
Adolf Hitler
Mussolini
Marechal Tito
O Cidadão de Emona (cópia) na Praça da Estrela

Mereceriam referência outros museus, como o Museu de Etnografia Eslovena, o Museu de Arte Moderna Eslovena, o Museu de História Contemporânea da Eslovénia, o Museu de História Natural da Eslovénia, o Museu do Teatro Esloveno, etc., mas o tempo não é elástico e havia muitas outras coisas a ver em Ljubljana.