quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

ONDE ESTÁ JORGE SAMPAIO?




Confesso que estou preocupado. Não se encontrando Jorge Sampaio ausente do país, que conste, só posso admitir a sua não visita a José Sócrates pelo facto de se encontrar gravemente doente.

É que, estando José Sócrates detido preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora (EPE) há cerca de um mês, e tendo recebido entretanto a vista de numerosas figuras públicas, nomeadamente do Partido Socialista, mas não só, o silêncio ensurdecedor de Jorge Sampaio só pode dever-se, penso eu, a impedimentos inultrapassáveis.

Recordo que Sócrates foi prontamente visitado por Mário Soares, fundador e primeiro secretário-geral do PS, antigo presidente da República e primeiro-ministro de Portugal; foi igualmente visitado por António Guterres, que também foi secretário-geral do PS e primeiro-ministro e é actual alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados; por Almeida Santos, que foi presidente nacional do PS; por Ferro Rodrigues, que foi secretário-geral do PS; e por outras figuras do primeiro plano do Partido Socialista.

Assim, não se compreende que Sampaio, que também foi secretário-geral do PS e presidente da República e em cujo mandato Sócrates foi primeiro-ministro, não se tenha deslocando ainda ao EPE, salvo, como referi acima, exclusivamente por motivos de força maior.

Que se saiba, José Sócrates não foi condenado nem sequer acusado de qualquer crime, existindo apenas indícios, segundo o Ministério Público,  que poderão, ou não, constituí-lo como arguido.

Mesmo admitindo que Sócrates tivesse sido acusado formalmente de crimes, ou mesmo por eles condenado a prisão efectiva, nada impediria os seus camaradas e amigos de o visitarem na sua cela, pois, como sempre ouvi dizer, é nos hospitais e nas prisões que se conhecem os amigos.

Assim, aguardo também que António Costa, actual secretário-geral do PS e que foi ministro de Sócrates o visite (ele já o prometeu) o mais rapidamente possível; como seria desejável que outras figuras que exerceram funções de secretário-geral do PS, como, por exemplo, Vítor Constâncio, actual vice-governador do Banco Central Europeu, e cuja acção à frente do Banco de Portugal Sócrates sempre defendeu, pudesse deslocar-se de Frankfurt a Évora. Por razões compreensíveis, não me admira a atitude de António José Seguro, o penúltimo secretário-geral, mas não lhe ficaria mal uma visita.

E também estranho a ausência de figuras públicas de outros quadrantes, como é o caso de Pedro Santana Lopes, que foi longamente parceiro de José Sócrates num programa de televisão e seu antecessor como primeiro-ministro de Portugal.

E mais não me alongo em ausências estranhas.

Não faço a mínima ideia se José Sócrates é inocente ou culpado dos actos que lhe são diariamente imputados na comunicação social, designadamente em certos pasquins cujo nome,  por uma questão higiénica,  me abstenho de citar.

Mas, se mesmo os criminosos indubitáveis não devessem receber visitas, seria então inexplicável o acesso quotidiano de milhares de visitantes às cadeias de Portugal.


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