domingo, 9 de março de 2014

NO ATLÂNTICO OU ALGURES




O último livro de Philippe Besson (n. 1967) foi publicado há um mês e testemunha, uma vez mais, a arte do escritor. De facto, La maison atlantique insere-se na linha de preocupações do autor e, com grande economia narrativa, procede a uma incursão profunda nos sentimentos do protagonista, um rapaz de 18 anos, cujos pais morrem de morte não acidental. É verdade que Besson conta uma história banal mas o livro, esse, não é banal.

Um rapaz a quem a mãe (já divorciada e com que ele vive) morre (suicida-se?) quando ele tem 16 anos, vai passar férias com o pai, dois anos mais tarde, na sua villa sobre o Atlântico. Pai com o qual mantém péssimas relações, pois atribui-lhe a infelicidade da mãe. Um jovem casal passa férias na moradia ao lado. O pai, um conquistador incorrigível, seduz a recém-chegada vizinha, cuja marido parece não dar por nada. O rapaz, para  vingar a mãe, que fora relegada pelo progenitor, denuncia o adultério ao jovem marido. Este mata o pai e suicida-se. Pelo livro perpassa também uma relação fugaz do rapaz com uma namorada, mas aquele acaba por descobrir a sua verdadeira sexualidade ao ir para a cama com outro rapaz da mesma idade. Um romance muito sereno, cuja acção se situa numa estância de vilegiatura mas que poderia ocorrer algures, em qualquer outro sítio, de preferência à beira-mar, uma predilecção do autor. Do livro escreveu Dominique Fernandez no Nouvel Observateur: « La talent de Philppe Besson, la manière tendre et douce qui lui attire de plus en plus de lecteurs, consiste à ne jamais élever la voix, à montrer que les mouvements du coeur forment l'essentiel d'une vie humaine.»



Autor (desde 2001) de quase 20 livros, Philippe Besson estreou-se com En l'absence des hommes (que põe em cena Marcel Proust), galardoado com o Prémio Emmanuel-Roblès, a que se seguiu Son frère, transportado para o cinema por Patrice Chéreau. Outro dos seus livros, Un garçon d'Italie (2003), foi seleccionado para os prémios Goncourt e Médicis.

Também argumentista de cinema, Besson adaptou dois dos seus romances ao teatro e escreveu a peça Un tango en bord de la mer, encenada em 2013 no Théâtre Jean Vilar. Participa igualmente em emissões de rádio e de televisão.

Em 2011, Philippe Besson apoiou a criação da associação Isota, que milita a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da adopção por casais homossexuais.


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