quinta-feira, 20 de março de 2014

GASPAR, O IMPOSTOR





Teve lugar ontem, no ISCTE, a sessão do Fórum das Políticas Públicas 2014 dedicada à Política Orçamental, em que intervieram Manuela Ferreira Leite, António Bagão Félix, Fernando Teixeira dos Santos e Vítor Gaspar, todos ex-ministros das Finanças.

Inevitavelmente, teria de se discutir a questão da reestruturação da dívida e o Manifesto dos 70, aliás 74, já publicamente apoiados por 74 economistas estrangeiros de grande prestígio.

Questionado sobre o problema, Vítor Gaspar informou que não responderia às perguntas («Não posso, nem quero») mas afirmou que diria «umas coisas». Mas limitou-se a confirmar a sua posição quanto ao pagamento integral da dívida (contra o teor do Manifesto dos 70), reclamando-se da autoridade (?) de Alexander Hamilton, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, sob a presidência de George Washington, de 1789 a 1795, data em que foi obrigado a demitir-se devido a um escândalo extra-conjugal, e que era um fervoroso adepto do cumprimento integral de todos os compromissos da dívida norte-americana.

Convenhamos que a argumentação utilizada por Hamilton, e invocada por Gaspar, tem mais de duzentos anos e que as circunstâncias actuais são bem diferentes. Também Vítor Gaspar, cuja intervenção se baseou largamente em citações, trouxe à conversa o diferendo verificado em 1892 entre o chefe do governo, José Dias Ferreira (bisavô de Manuela Ferreira Leite) e o seu ministro da Fazenda, Oliveira  Martins, sobre o processo de negociação da dívida externa.

Em resumo, Vítor Gaspar considera que a política que sustentou enquanto  ministro das Finanças é a adequada para Portugal, ignorando o que acontece às pessoas (como se interrogou Manuela Ferreira Leite). Não acredito que Vítor Gaspar acredite nas teses que defende. Por isso, considero que Vítor Gaspar é um impostor. A menos que esteja a gozar com os portugueses, o que seria ainda mais grave.


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