segunda-feira, 29 de abril de 2013

OS MESTRES CANTORES DE NUREMBERGA





(Final de Die Meistersinger von Nürnberg, de Richard Wagner. Festival de Bayreuth, 1984. Direcção musical de Horst Stein; encenação de Wolfgang Wagner)

Os Mestres Cantores de Nuremberga, no original Die Meistersinger von Nürnberg, longa ópera (4 horas e meia) de Richard Wagner, estreou-se no Teatro Real de Munique, em 21 de Junho de 1868, sob a direcção do maestro Hans von Bülow.

Nuremberga é uma cidade medieval alemã, situada na região histórica da Francónia, a norte da Baviera, célebre pelo seu passado, cidade onde se guardavam as jóias e insígnias do Santo Império Romano Germânico, onde viveu Albrecht Dürer, centro de irradiação cultural das ciências, das letras e das artes na Idade Média e princípios da Idade Moderna e que, no século passado, se notabilizou por ter sido a escolhida por Adolf Hitler para realização dos congressos do Partido Nazi, e depois, para sede do tribunal que julgou os crimes praticados pelos alemães na Segunda Guerra Mundial.



A criação desta ópera não tem a ver com o século XX, mas o passado da cidade certamente inspirou Wagner para a compor, e Hitler, que tributava profunda devoção a Wagner (um pouco como Luís II da Baviera), ter-se-á inspirado na ópera para erigir a cidade em símbolo do nazismo.

Atendendo ao papel que a Alemanha vem desempenhando nos últimos tempos na cena política europeia e mundial, julgo curioso transcrever, em tradução minha, os últimos versos da ópera:

Ninguém saberia mais o que é alemão e autêntico.
se isso não vivesse na honra dos mestres alemães!
Por isso vos digo:
honrai os vossos mestres alemães,
e assim conjurareis os espíritos favoráveis!...
E se concederdes o vosso apoio à sua acção,
mesmo que se dissolvesse em fumo
o Santo Império Romano,
para nós haveria ainda
a arte santa alemã!...

Honrai os vossos mestres alemães,
e assim conjurareis os espíritos favoráveis!...
E se concederdes o vosso apoio à sua acção,
mesmo que se dissolvesse em fumo
o Santo Império Romano,
para nós haveria ainda
a arte santa alemã!...

Viva Sachs!...
O caro Sachs de Nuremberga!...


Isto explica muita coisa.

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