segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O ISLÃO NO LOUVRE



Foi inaugurada no passado dia 18 de Setembro, pelo presidente François Hollande, a nova ala do Museu do Louvre dedicada às artes do Islão. Erigida na cour Visconti, é uma construção de vidro e aço, sustentada por oito pilares e comportando dois níveis de exposição, um no rés-do-chão e outro no piso subterrâneo.

A criação deste novo espaço fora anunciada em 2003 por Jacques Chirac, tendo, cinco anos depois, Nicolas Sarkozy colocado a primeira pedra. O novo departamento é o oitavo do Museu do Louvre, a acrescentar aos de pinturas; antiguidades egípcias; antiguidades gregas, etruscas e romanas; antiguidades orientais; esculturas; objectos de arte; artes gráficas.

A colecção reúne mais de três mil obras, provenientes do próprio Museu do Louvre (muitas das quais nunca haviam sido expostas por falta de espaço) e do Museu das Artes Decorativas e que também se encontravam armazenadas. Especialmente os tapetes, alguns de consideráveis dimensões, que encontraram agora, neste novo espaço, um acolhimento condigno.

A variedade de peças apresentadas é notável, bem como a sua origem, que cobre um território que vai da Andaluzia á Índia. Curiosamente, podem ver-se peças de arte cristã (muitos povos, hoje considerados árabes,  permaneceram cristãos mesmo após a expansão do islão nas suas terras) mas cuja estética se insere na arte islâmica.

Não cabe aqui historiar a chegada de tantas e tão valiosas obras a França. Algumas peças estão no país desde os séculos XIV ou XV, como o famoso "Baptistério de São Luís". O Museum Central des Arts, criado em 1793, é o embrião das colecções sucessivamente enriquecidas e que são agora presentes ao grande público.

Entre as obras mais notáveis figuram o referido Baptistério de São Luís (Síria ou Egipto, c. 1340), a píxide de Al-Mughira (Córdova, 968), o gomil do tesouro de Saint-Denis (Egipto, c. 1000), o candeeiro com patos e felinos (Irão, 2ª metade século XII), a parede de cerâmica otomana de 12 m de comprimento (Turquia, c. 1580). E exemplares extraordinários do Corão, tapetes riquíssimos, porcelanas raras, madeiras trabalhadas, objectos de cristal, de ágata, de jade (reputadamente um antídoto contra os venenos), armas, cofres, espelhos, jóias, manuscritos iluminados, um tal conjunto de preciosidades que se torna impossível descrever.

Aconselha-se, por isso, uma visita "urgente" ao Louvre ou, para quem não tenha essa possibilidade mínima, atendendo aos tempos calamitosos que vivemos, recomenda-se a aquisição do catálogo (550 páginas em papel couché ilustradas a cores), notável, que custa apenas € 39. Um livro que, a ser editado em Portugal, não ficaria por menos de uns € 200.

A não perder.


1 comentário:

Zephyrus disse...

Parece que membros da anterior Governo andam a dizer pela comunicação social que houve orientações de organismos externos para aumentar a despesa pública e fazer obra pública. Quem? A UE? O BCE? A Internacional Socialista? A Goldman? J... banqueiros? Quem?