sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

OLYMPIA

Nike (Vitória), de Paionios,séc. V AC



Esta madrugada, o Museu de Olympia, na Grécia, foi atacado por dois homens encapuçados e armados de kalachnikovs, que imobilizaram o guarda e desligaram o sistema de alarme. Procuravam objectos de ouro, que, ao que parece, não lograram encontrar, tendo roubado estatuetas de bronze, várias peças de cerâmica e um anel de ouro, pertencentes às colecções da História dos Jogos Olímpicos da Antiguidade, num total que se presume de cerca de 70 objectos.

Hermes, de Praxíteles, séc. IV AC

Olímpia, cidade onde se realizavam os famosos Jogos Olímpicos na Antiga Grécia, é uma das mais emblemáticas cidades da civilização helénica e um local arqueológico de inestimável valor. No seu Museu (bem como no Museu Arqueológico de Atenas e no Museu de Delfos), encontram-se algumas das mais célebres preciosidades da Antiguidade Clássica, entre as quais o Hermes, de Praxíteles, uma das mais admiráveis estátuas de todos os tempos.

Em consequência deste funesto evento o ministro da Cultura grego, Pavlos Geroulanos, apresentou a demissão. A polícia montou uma operação especial para tentar apanhar os dois ladrões e tentar recuperar os objectos roubados. Já em Janeiro, foram roubados dois quadros de grande valor do Museu Nacional de Atenas, um de Picasso e outro de Mondrian. A situação económica e financeira da Grécia cria um ambiente propício a actos desta natureza, até porque a segurança, devido às restrições orçamentais, se encontra diminuída. Em Maio do ano passado, no Museu Arqueológico de Atenas, perguntando a uma vigilante a razão porque se encontravam fechadas várias salas, algumas contendo importantes obras, foi-me respondido que a razão era a falta de pessoal. Acrescentou a senhora em questão que já não recebia o seu salário há oito meses.

Algumas das obras que constituem o acervo dos museus gregos não são roubáveis, dado o seu grande porte, como as estátuas monumentais de deuses e sábios; outras, se roubadas, dificilmente poderão ser transaccionadas no mercado, dado serem peças conhecidas em todo o mundo. Mas há sempre algum coleccionador multimilionário que gostaria de possuir uma obra rara, nem que fosse para a manter num cofre forte.

1 comentário:

ZÉ DOS ANZÓIS disse...

Só pelo Hermes de Praxíteles, Olympia merece a nossa veneração. Para lá de se dever salvar o povo grego, importa salvar igualmente o património cultural grego que é também o património cultural europeu e universal.

Se a senhora Merkel ainda não percebeu isso é porque é burra.

Se os alemães não compreendem que devem controlar o dinheiro emprestado sem humilhar uma nação e sem reduzir á miséria um povo, então melhor será que vão todos para o inferno, onde aliás alguns já deviam estar.