domingo, 5 de fevereiro de 2012

O EMBARGO AO IRÃO


O Irão e os Efeitos do Embargo Americano-Europeu

Por: M. Yiossuf Adamgy
(Director da Revista Al Furqán)
Lisboa, 03. Fevereiro.2012


Israel é forte porque os árabes, ou melhor dizendo, alguns árabes, são débeis. Essa é a opinião geral referindo-se àqueles árabes que não moveram um dedo quando Israel enviou as suas forças à faixa de Gaza para ali matar os inocentes com bombas de fósforo branco e mísseis lançados por mar, terra e ar, e continuam os ataques de Israel contra a faixa de Gaza de modo quotidiano, assassinando pessoas sem que o Conselho de Liga Árabe e seus Ministros Estrangeiros movam um dedo, como se aqueles que são assassinados por armas bélicas ultramodernas israelitas não fossem seres humanos.

… E agora, seguindo docilmente o governo de Barack Obama, que dera luz verde a um embargo total do petróleo iraniano, os planos americano-europeus tiveram êxito em impor o boicote petrolífero, impedindo o Irão de exportar o seu petróleo a aqueles que desejam comprá-lo. E se a Arábia Saudita se prontifica em compensar essa falta nos mercados, incrementando a sua produção diária, como o fez quando compensou as exportações de petróleo iraquiano e líbio, porquê então o Irão não iria, conforme já manifestou, a meter-se com os navios de seus inimigos, sejam navios de guerra ou petroleiros, ou a encerrar o Estreito de Ormuz? Teerão tem reiterado que unicamente o encerrará se se bloquearem as exportações de petróleo de Irão. Essa medida representaria um golpe mortal à economia iraniana, totalmente dependentes das exportações de petróleo.

Não serviu de nada que Moscovo advertisse os países da União Europeia que deixem de actuar como simples peões de Washington, disparando uma vez mais sobre os seus próprios pés. Os russos sabem tudo o que se deve saber a respeito do quão terrivelmente contraproducente pode ser este embargo.

- Assassinar cientistas nucleares em pleno centro de Teerão é violar a soberania nacional do Irão e é pôr em causa a imagem de segurança de Estado, e uma acção provocadora como esta exigiria uma resposta do mesmo calibre, por isso o senhor Ali Larijani não surpreendeu quando disse que a represália está iminente, pois é suposto que os Estados que se sentem orgulhosos da sua dignidade não possam permanecer com as mãos cruzadas perante semelhante provocação.

As provocações israelitas e americanas contra o Irão podem originar acções de represália, pois existem múltiplos interesses israelitas por todo o mundo que podem supor, do ponto de vista Iraniano, objectivos legítimos de represália, o que significaria que podemos estar perante uma iminente guerra de assassinatos no caso de o Irão decidir em converter as suas palavras em factos. Pode-se compreender que os Estados Unidos e Israel estejam preocupados por causa do programa nuclear e do poderio militar crescente do Irão que ameaça, por um lado, a hegemonia dos Estados Unidos que se estende sobre a zona e, por outro lado, ameaça a supremacia militar estratégica de Israel; mas o que não se consegue compreender é o actual estado de pânico árabe e que alguns países árabes estejam dispostos a atrair a inimizade do Irão e colocar-se em bicos de pé na trincheira americana.

Segundo o Director do diário "Al-Quds Al-Arabi", de Londres, Abdelbari Atwan, «os árabes possuem dinheiro, os cérebros e as relações internacionais; porque temem, então, que exista uma superioridade nuclear na região no caso de o Irão chegar a possuir armas nucleares? Porque não fazem como Irão nesse mesmo campo e com a mesma força e mesma tenacidade? O erro não está no Irão e no seu poder, nem no Israel e nas suas provocações e no seu desprezo perante nós; o erro radica, sim, em nós mesmos como árabes, e por isso se devem multiplicar as revoluções da primavera árabe para mudar esta realidade doentia e podre».

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma pertinente análise de alguém bem informado.