quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

AS GUERRAS DO EMIR

Sheilh Hamad bin Khalifa Al-Thani

Estranho percurso o do sheikh Hamad bin Khalifa Al-Thani, emir do Qatar. Nascido a 1 de Janeiro de 1952, vai completar dentro de dias 60 anos. Parabéns! Herdeiro presuntivo do trono e ministro da Defesa, Hamad realizou um golpe de Estado, em 27 de Junho de 1995, e depôs o pai, o emir Khalifa bin Hamad Al-Thani, que se encontrava no estrangeiro, assumindo seguidamente o poder e sendo coroado em 20 de Junho de 2000.

O actual emir tem três esposas e 24 filhos, o que não é particularmente estranho na região. Mais curiosas são as relações perigosas que mantém. Segundo se lê aqui e é do conhecimento público, o emir tem procurado tornar conhecido o seu minúsculo país, aliás rico em petróleo. Primeiro, transformou a cadeia Al-Jazira, a que nos referimos aqui, por um acaso da sorte (ou talvez não), numa das principais emissoras televisivas não só do mundo árabe mas de todo o mundo. Através dela, autorizou todas as críticas aos países árabes, excepto ao seu, bem entendido. Tem contribuído a Al-Jazira para as insurreições no mundo árabe, o que é entendido no Ocidente como um apoio às transformações "democráticas" na região. No caso da Líbia, e mediante pressões dos Estados Unidos, o Qatar apoiou a invasão da NATO, financeira e militarmente e através de uma televisão instalada em Doha, a Libya al-Ahrar. As reportagens efectuadas pela Al-Jazira na Síria são manifestamente tendenciosas e o Qatar intervém aonde a Arábia Saudita não se permite actuar. Digamos que o emir se tornou o porta-voz das monarquias petrolíferas do Golfo. De facto, lá não existem repúblicas. A única república da Península Arábica, o Iémen, está no estado que sabemos. E a revolta do Bahrein foi sufocada pelo Conselho do Golfo.

Mas existem grandes contradições na actuação do emir. A "democratização" tem levado ao poder as correntes islâmicas mais extremistas, que são as mais bem acolhidas no Qatar. Diz-se mesmo que o emir pretende, à revelia de Sarkozy, pôr um pé no grande território da Líbia, aonde já estão instalados os seus homens de mão.

Na Tunísia já se realizaram manifestações contra uma possível visita do emir e no Egipto o Conselho Supremo das Forças Armadas começou a averiguar a proveniência dos milhões de petrodólares que afluem às caixas dos Irmãos Muçulmanos.

Entre o apoio aos insurrectos árabes e o apoio aos fundamentalistas, o emir prossegue um jogo arriscado cuja finalidade não é, de momento, absolutamente descortinável. Será o emir um agente da CIA? Todas as interpretações são possíveis nos nossos dias. O futuro o dirá.

Hamad Al-Thani e a segunda esposa, Barack Obama e a mulher

4 comentários:

Xico disse...

A 2ª esposa no entanto não está nada mal. Arranja-se uma foto da 3ª (suponho que da 1ª já não valha a pena)?

Kaos disse...

Sei que os tempos não estão para grandes optimismos mas o futuro pode estar nas nossas mãos se soubermos exercer os poucos direitos que ainda nos restam. Aqui deixo o meu desejo de um 2012 tão bom quanto o possível.
Kaos
Wehavekaosinthegarden.blogspot.com

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

Para KAOS:

Agradeço e retribuo os desejos de um bom (quanto possível) 2012 que nos aguarda dentro de poucas horas.

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

Para XICO:

Lamento mas não possuo, e julgo que será muito difícil de obter, a fotografia da 3ª esposa do emir Al-Thani.

Da 2ª não é difícil pois é quem o acompanha nas visitas oficiais.