terça-feira, 1 de novembro de 2011

UNIÃO EUROPEIA: O PRINCÍPIO DO FIM


Admito que a União Europeia tenha sido criada com nobres intenções, nomeadamente com a ideia de evitar uma nova guerra na Europa, após os dois trágicos conflitos do século XX, desencadeados pela Alemanha e também pela Áustria, o que é quase a mesma coisa. Todavia, não resultou!


O anúncio realizado há algumas horas pelo primeiro-ministro grego Georges Papandreu de promover um referendo nacional sobre o acordo de ajuda à Grécia da última (e sucessivas vezes adiada) Cimeira do Euro e de se submeter a um voto de confiança do Parlamento é o primeiro sinal de que nos aproximamos do fim.


Pode ser que Papandreu obtenha a confiança dos deputados, mas não creio que um referendo sobre um acordo em que uma qualquer troika fique a mandar no país (berço da civilização europeia) obtenha um voto favorável. Nesse caso, não será viável, salvo a adopção de mezzo estremo (como diria Filipe II ao Grande Inquisidor, no Don Carlo) a permanência da Grécia na Zona Euro e mesmo na União Europeia.


Sarkozy e Merkel, duas figuras que tardam em sair de cena, esgotado que está o seu papel, sem capacidade para inventarem novas deixas antes do pano cair, e que representam não o interesse dos povos mas o interesse do grande capital financeiro, são dois dos grandes responsáveis pela situação a que se chegou.


É claro que os gregos, e especialmente os seus últimos governos, também são responsáveis por esbanjamento, roubo, desleixo e outras maleitas. Tal como os governos das últimas décadas em Portugal e a corrupta (salvo as honrosas excepções, que felizmente as há) classe política nacional. A Irlanda, que tem uma estrutura económica diferente da portuguesa, segue penosamente o seu caminho, com poucas esperanças de salvação. A Espanha, a Itália, a própria França, estão á beira da falência e os países nórdicos, de que apenas se exaltam as qualidades, para lá caminharão rapidamente.


Tudo isto é devido a essa entidade mítica e anónima que são os MERCADOS. Também estes se desmoronarão tão facilmente como um baralho de cartas, logo que a Europa se desfaça e os Estados Unidos reconheçam a falência da sua federação. Já faltou mais!


Há bocado, em conversa telefónica, Sarkozy e Merkel decidiram fazer aplicar o "plano de austeridade" à Grécia. Mas como? Através das armas? Talvez. Já Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto, disse dias atrás, em conferência pública, que Portugal já "pouco tem de democracia" (cito de cor). O mesmo se aplica à Europa dita democrática.


A próxima reunião do G-20, em Nice, nada resolverá. Insensível e gentil, passo a passo, lentamente, o conflito armado instala-se na mente dos governantes, com o entusiasmo dos negociantes de armamento.


Aproximamo-nos, pois, do fim de uma época. Carpe diem, como escreveu Horácio!

Adenda: A Cimeira do G-20 não é em Nice, como indicado por lapso, mas em Cannes.

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