quinta-feira, 20 de outubro de 2011

MUAMMAR QADDAFI


Segundo o noticiário internacional, Muammar Qaddafi, que governou a Líbia durante mais de 40 anos, foi hoje abatido a tiro, em circunstâncias ainda não claramente determinadas, quando pretendia abandonar a cidade de Syrte, seu berço e donde dirigia a resistência final contra os seus opositores.

O coronel Qaddafi, a quem se devem, no início do seu longo consulado, algumas medidas positivas que contribuíram para o desenvolvimento da Líbia, tornara-se progressivamente uma figura inconsequente e megalómana, considerando que no seu Livro Verde (uma imitação do Livro Vermelho de Mao-Tsé-Tung) residiam as receitas para a salvação da humanidade.


A ditadura de Qaddafi foi uma das mais repressivas do mundo árabe, e são-lhe atribuídos vários actos criminosos que o tornaram uma personagem pouco frequentável. Não obstante, nos últimos anos, foi cortejado pela maioria dos governantes europeus e mesmo pelo presidente Obama, que agora se congratulam com a sua morte.

A chamada "primavera árabe" ser-lhe-ia fatal mas o coronel recusou-se a aceitar a realidade preferindo, honra lhe seja feita, combater até o fim.

Lamentamos que não tenha sido preso e julgado pelos crimes que cometeu, mas compreendemos também que um tal julgamento seria incómodo para a comunidade internacional, que assim se liberta de um problema adicional. Os líderes ocidentais ainda não se esqueceram dos julgamentos de Slobodan Milosevic (que morreu ou foi assassinado antes do veredicto) e de Saddam Hussein (que acabou enforcado).

Ou muito me engano ou a situação na Líbia está longe de uma pacificação. Qaddafi surgirá como um mártir aos olhos de muitos. E por mais que a maioria dos líbios desejasse a sua substituição no poder, a invasão da NATO, agora aclamada com algum entusiasmo, talvez  venha a revelar, num futuro próximo, um sabor amargo.

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