sábado, 30 de julho de 2011

INSTABILIDADE MILITAR NA TURQUIA


O general Isik Kosaner, chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Turquia e os chefes do Estado-Maior do Exército, da Armada e da Força Aérea, e mais um grupo de oficiais generais, demitiram-se hoje em Ancara, após semanas de tensão com o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, na sequência da detenção de vários generais e almirantes e outros oficiais superiores, acusados de conduzirem na internet uma campanha contra o que consideram ser a agenda islâmica secreta do governo. O conflito entre o governo do partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) e os militares arrasta-se há alguns anos. A Turquia actual, república laica fundada por Mustafa Kemal Atatürk, conheceu já quatro golpes militares, em 1960, 1971, 1980 e 1997, devido ao conflito entre uma governação considerada pró-islamista e os defensores intransigentes do laicismo, de que as Forças Armadas são o principal, mas não o único, bastião.

O presidente da República Abdullah Gül nomeou interinamente como chefe do Estado-Maior General e Chefe do Estado-Maior do Exército, o general Necdet Özel, comandante da Gendarmaria, o único alto comandante a não ter apresentado a sua demissão.

A renúncia em bloco de todas as altas patentes provocou surpresa no país. Apesar do apoio popular de que o governo dispõe (o AKP teve 50% dos votos nas eleições legislativas do mês passado) não é de excluir nova intervenção militar considerando a dimensão do descontentamento dos oficiais generais e superiores e da faixa mais laica da população turca.

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