quinta-feira, 7 de abril de 2011

É A HORA !



Nem Rei nem lei, nem paz nem guerra, 
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fatuo encerra.

Ninguem sabe que coisa quere,
Ninguem conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ancia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora !

Valete, Fratres.

Fernando Pessoa, in Mensagem, Terceira Parte, III, Quinto

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