quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

AGITAÇÃO NA TUNÍSIA



Desde há dez dias que se verificam sérios confrontos na Tunísia, nomeadamente na região de Sidi Bouzid, a 265 km ao sul de Tunis que, segundo o Nouvel Observateur online, levaram hoje à substituição do ministro da Comunicação, Oussama Romdhani.

Os confrontos no país tiveram início depois que, em 19 deste mês,  um jovem licenciado tentou suicidar-se, imolando-se pelo fogo, após a polícia municipal lhe ter confiscado as frutas e legumes que, sem autorização,  vendia na rua. O rapaz, que se regara com gasolina, foi salvo a tempo mas encontra-se em estado crítico; cinco dias depois. um outro jovem suicidou-se, electrocutando-se com um cabo de alta tensão.

O desemprego, nomeadamente entre a juventude, a alta dos preços e o progressivo agravamento das desigualdades sociais, com o desaparecimento, como aliás se está a verificar em toda a Europa, de uma classe média amortecedora dos choques sociais, são as principais causas dos presentes confrontos num país que é justamente considerado como dos mais tranquilos do norte de África. A região de Sidi Bouzid é vizinha da zona mineira de Gafsa, onde, em 2008, se registaram violentas confrontações com as forças da ordem.

O presidente Zine El-Abidine Ben Ali, depois dos confrontos dos últimos dias entre manifestantes e a polícia, apelou ontem à calma, ao mesmo tempo que afirmava que "a lei será aplicada com toda a firmeza" em relação a "uma minoria de extremistas". Declarando compreender a situação dos jovens desempregados, Ben Ali acusou os seus opositores de estarem a servir-se de cadeias de televisão estrangeiras, nomeadamente a Al-Jazira, para difundir alegações mentirosas e dar uma falsa imagem do país no estrangeiro.

É um facto que o fenómeno da globalização, desencadeado a partir dos Estados Unidos da América e que, por definição, vai abrangendo progressivamente todos os países, acabará por mergulhar o mundo num imenso caos económico e social donde nem os seus arautos escaparão vivos. Saturno (tal como Goya o pintou) devorará os seus próprios filhos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Curioso,julgava na minha inocência,que a globalização tinha começado aí pelos séculos XV e XVI,com os D.Joões e D. Manueis,levada a cabo por uns sujeitos com nomes de Vasco da Gama,Cabral,Magalhães e outros que tais. Afinal,talvez esteja enganado,e se calhar esta rapaziada toda já estava ao serviço dos sinistros E.U.A.,ou então nunca existiram(foi tudo uma conspiração) e a globalização só agora começou. Aprende-se muito por aqui,embora restem umas duvidazitas que o autor na sua sapiência não deixará de nos esclarecer.

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

PARA O ANÓNIMO DAS 23:40:

Creio que o caro comentador sabe a que tipo de globalização me refiro: a presente.

Insiste-se hoje, com propósitos que não vou aqui discutir, que a globalização começou aí pelo século XV, e que se foi alargando mundo fora. Essa argumentação serve determinados fins mas não colhe.

A globalização de hoje é não só quantitativamente diferente da pretérita, mas - e este mas é tudo - qualitativamente diferente. Ela está a mudar dramaticamente a vida dos povos. Mais não lhe posso explicar aqui, nem certamente lhe interessará. Quem viver, verá!