segunda-feira, 18 de outubro de 2010

AINDA JUNQUEIRO


Ainda Guerra Junqueiro, no seu discurso de defesa (10 de Abril de 1907) no tribunal criminal do primeiro distrito do Porto, presidido pelo dr. Almeida Ribeiro, composto pelos juízes drs. Vaz Pinto e Diogo Tavares Leote, sendo delegado do ministério público o dr. Adérito de Alpoim e advogado de defesa de Junqueiro o dr. Afonso Costa: 

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«O meu valoroso e nobre defensor acaba de nos fazer a história dum reinado, em que os dois grandes bandos da monarquia, ao alternarem no governo, um ou outro, se acusam, publicamente, do saque da nação; em que o jornal dum antigo chefe de ministério, adverso aos dois bandos, confirma que pelos conselheiros da Coroa, nos últimos tempos, andaram quadrilhas de ladrões; em que alguns homens, dizendo-se já cansados de tanta baixeza e de tanto escândalo, proclamam que o ceptro se converteu num rolo de tabaco, num símbolo de afronta e de tirania, e vão depois humilhar-se ao mesmo ceptro, convertendo-o, para a investida ao direito, de rolo de tabaco, que faz náuseas, em arma de bronze, que faz mortes. E como epílogo e como supremo comentário, a voz altiva dum general do exército, ajudante do rei, soltando da tribuna da Câmara estas palavras vingadoras: Contra as prepotências que se estão dando, a história só indica um remédio, o apelo redentor à Revolução armada
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Guerra Junqueiro fora processado pelo representante do ministério público devido a afirmações publicadas no jornal A Voz Pública, em 2 de Dezembro de 1906. O poeta foi condenado a cinquenta dias de multa a um escudo por dia e nas custas e selos do processo.

QUALQUER SEMELHANÇA COM OS NOSSOS DIAS É PURA COINCIDÊNCIA

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