terça-feira, 17 de agosto de 2010

GHAZI AL-GOSAIBI


Morreu e foi sepultado no passado domingo em Riyadh o escritor e poeta saudita Ghazi Abdul-Rahman Al-Gosaibi, que exerceu também funções políticas e diplomáticas, como ministro da Indústria e Electricidade, da Saúde e (actualmente) do Trabalho e embaixador em vários países, entre os quais o Reino Unido. 

Nascido em Al-Ihsa', a leste do país, em 1940, foi inicialmente educado no Bahrain. Fez depois um bacharelato em Direito na Universidade do Cairo, em 1961, e em 1964 efectuou um mestrado em Relações Internacionais na University of Southern California. Finalmente, em 1970, obteve o grau de doutor em Ciência Política na Universidade de Londres.

A sua obra abrange a poesia, o romance e o ensaio e publicou dezenas de livros ao longo da sua vida, alguns dos quais se encontram traduzidos em línguas estrangeiras. Muitos dos seus poemas (era considerado o maior poeta saudita vivo) figuram em várias antologias poéticas editadas em francês e inglês. Sendo um homem simples e de ideias relativamente liberais, mas estando integrado na nomenclatura saudita (pertencia a uma das mais influentes famílias do Reino), pôde exercer cargos da mais alta responsabilidade nos governos dos Guardiães das Duas Mesquitas Sagradas. Por ironia do destino, alguns dos seus livros foram proibidos na Arábia Saudita pelos próprios governos a que pertenceu, o que demonstra as contradições da época e  dos países em que vivemos.

Duas semanas antes da sua morte, vítima de doença prolongada, o ministro saudita da Cultura e Informação, Abdul Aziz Khoja, anunciou o fim da proibição dos seus livros que ainda estavam interditos, declarando ser insustentável que eles não pudessem figurar nas bibliotecas do Reino.

Sendo um homem de cultura, que procurava fazer a ponte entre o rigorismo clerical wahhbita e as correntes de ideias mais modernas e arejadas que já começam a exprimir-se na Arábia Saudita (era confidente do rei Abdullah), o seu desaparecimento constitui indubitavelmente uma perda para todos quantos anseiam pela evolução da mentalidade no país.

1 comentário:

Anónimo disse...

De lamentar,efectivamente a morte deste ilustre senhor. Fazem falta ,muita falta,no mundo árabe,vozes e mentalidades como a que o autor do blogue aqui define, a fim de tentar fundamentar e praticar um islamismo fiel à tradição tolerante que já foi a sua.