quarta-feira, 14 de julho de 2010

DIÁLOGO IRÃO/TURQUIA EM LISBOA

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Manoutchehr Mottaki, que está de visita a Lisboa e que se encontrou com o seu homólogo português Luís Amado, foi esta manhã recebido pelo


presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, antes de oferecer, no Hotel Marriott, um almoço a algumas personalidades dos meios académico e empresarial e a dirigentes de vários organizações ligadas ao mundo árabo-islâmico. Num improviso, antes da refeição, Mottaki referiu-se à situação geoestratégica do Irão, à sua cultura e história de mais de sete mil anos, à produção de energia nuclear para fins pacíficos, ao tronco comum das religiões cristã e muçulmana, ao facto de o Irão não ser uma potência agressora, mas sempre agredida (caso da invasão iraquiana), ao desejo de manter relações amistosas com a chamada comunidade internacional (o sublinhado é meu), etc.

De tarde, o ministro Mottaki teve uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Ahmet Davutoglu, que deveria ter-se deslocado a Lisboa na passada semana mas que adiou a sua visita a Portugal, a fim de se encontrar hoje com o seu homólogo iraniano.


O objectivo deste encontro bilateral, de que é anfitrião o MNE português, é a discussão em torno do dossier nuclear iraniano. A visita a Portugal do ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão foi vivamente criticada pelo embaixador de Israel em Lisboa,  que julga que a política externa portuguesa é ditada por Telavive. Por isso, foi chamado ao Palácio das Necessidades para esclarecer as suas afirmações e apresentar desculpas.

A realização desta reunião em Lisboa, volta a colocar Portugal (como já acontecera com a  Espanha, vidé o Processo de Barcelona) no centro das consultas visando a paz no Médio Oriente, o que facilmente se compreende, dado o passado árabo-islâmico dos dois países ibéricos,  cujos vestígios e comportamentos são visíveis em ambas as sociedades.

3 comentários:

Anónimo disse...

A Pérsia (porquê Irão?) tem de facto uma longa história,notando aqui,já agora,dois relevantes momentos: 1)A tentativa,quase bem sucedida,de destruição da civilização grega clássica,tentativa felizmente derrotada pelos inferiores em número, mas não em coragem, combatentes de pequenas cidades que representavam muitos dos ideais que ainda hoje são os da Civilização Ocidental. 2) O fracasso da tentativa inábil do Shah Reza Pahlevi em modernizar o seu país,e o aproximar do Ocidente,com vantagens mútuas. Infelizmente fracassou,e a sua queda redundou num regime detestável(para não dizer mais) que se por enquanto não é agressor directo dos vizinhos,é-o diàriamente do seu próprio povo,submetido a um totalitarismo teocrático e violentamente repressivo. Não duvido que o autor do blogue não concordará òbviamente com estes factos e opiniões,mas o interesse da blogosfera é o livre debate. Quanto ao encontro com o ministro turco sob a égide das Necessidades,não poderia estar mais de acordo,pois os entendimentos são bem-vindos,sobretudo se neste caso servirem para "racionalizar" um pouco os actuais déspotas persas. A posição israelita vai infelizmente na linha absurda do actual governo,que parece por vezes mais prejudicar os interesses do país do que servi-los. Mas o que se vai passando atrás dos bastidores,evidenciado com o quase levantamenro do bloqueio terrestre a Gaza,poderá trazer surpresas. Veremos.

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

PARA O ANÓNIMO DAS 23:44:

Do PÚBLICO online de hoje:

«Três casas e um armazém propriedade de famílias palestinianas, alegadamente construídas sem licença na zona de Jerusalém Oriental, foram hoje arrasadas pelas autoridades israelitas, ignorando a decisão informal de suspender estas demolições, contestadas pela comunidade internacional, que vigorava desde Novembro de 2009.

Uma das casas demolidas albergava uma família de sete, que só teve tempo para retirar os seus pertences para a rua antes das máquinas começarem a trabalhar. As autoridades municipais deram ordem para demolir os edifícios dizendo que a construção tinha avançado sem a obrigatória autorização dos serviços de planeamento da cidade. Basem Isawi, um empreiteiro de 48 anos que vivia numa dessas casas disse que não lhe restara outra alternativa que não a construção clandestina, uma vez que o município não lhe atribuía a licença

Na saída de uma reunião com o primeiro-ministro palestiniano Salam Fayyad em Bruxelas, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, lamentou o movimento dos “bulldozers”, que considerou um obstáculo para a paz. “Não posso deixar de expressar a minha profunda preocupação com estes novos desenvolvimentos em Jerusalém Oriental”, declarou.

Entretanto, um comité municipal de Jerusalém deu parecer favorável à construção de 32 novos apartamentos no colonato judaico de Pisgat Ze’ev, também em Jerusalém Oriental – lançando dúvidas sobre o cumprimento do acordo de suspensão da construção de novos colonatos, exigido pelo governo norte-americano ao governo israelita como indispensável para o recomeço das negociações de paz. As autoridades municipais estão a avaliar um outro plano para a construção de 48 novas unidades, que deverá ser aprovado na próxima semana.»

******

PELO QUE SE DEPREENDE DAS NOTÍCIAS QUE NOS CHEGAM TODOS OS DIAS, NÃO PARECE QUE O ESTADO JUDAICO ESTEJA MESMO INTERESSADO NA OBTENÇÃO DA PAZ, A MENOS QUE O COMENTADOR DISPONHA DE ELEMENTOS SECRETOS QUE EU IGNORE.

Anónimo disse...

Não,não disponho,e tal como o dr.Barroso tambem lamento essas destruições absurdas. Dir-se-ia que desde Itzhak Rabin nunca mais houve um governo com visão em Israel,e ninguem mais o lamenta do que os verdadeiros amigos de Israel e do povo judaico,como eu.
Quanto aos persas,pelos vistos,estamos de acordo...