terça-feira, 22 de dezembro de 2009

ISABEL DA NÓBREGA


Tenho o privilégio de conhecer e de ser amigo de Isabel da Nóbrega há quase 50 anos. Circunstância que não é de molde a obnubilar o meu espírito. Por isso, posso afirmar que a Isabel é uma das grandes escritoras portuguesas do século XX.

Acontece que, na passada semana, foi reeditado o primeiro livro de Isabel da Nóbrega, o livro que ela escreveu em 1950 e que foi publicado em 1952: Os Anjos e os Homens, uma narrativa que deve à Bíblia as personagens de dois anjos, mas de anjos muito especiais que, como escreveu na contra-capa Frei Bento Domingues "Não andam a convencer nem a espiar. Não são mensageiros apocalípticos ou moralistas."

Em 1954, publicou O Filho Pródigo, peça que foi representada no Teatro Nacional D. Maria II. E em 1965, Viver com os Outros, um notável romance que receberia o Prémio Camilo Castelo Branco da então Sociedade Portuguesa de Escritores, equivalente ao actual Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores, que sucedeu àquela instituição.

Escreveu Isabel da Nóbrega ainda outros livros, embora a sua obra se distinga mais pela qualidade de que pela quantidade. As suas crónicas em jornais e na rádio, durante largos anos, constituem exemplos de como deveria ser o jornalismo em Portugal. Aliam a formação à informação, tratam de grandes e pequenos problemas, dedicando a uns e a outros o interesse que todos merecem. Sem esquecer os programas que concebeu e apresentou na RTP e as muitas intervenções avulsas, produzidas nos mais variados palcos onde foi solicitada.

Na sua carreira literária, como na sua vida, sempre Isabel da Nóbrega se preocupou com o seu próximo, fosse rico ou pobre, culto ou inculto, sempre viveu com os outros, partilhando alegrias e tristezas. sempre dedicou a sua atenção a aspectos da vida que quantas vezes nos passam despercebidos. Ainda hoje, a Isabel continua a manter um gosto pela vida e uma energia anímica que provoca o assombro (e até talvez uma ponta de inveja) dos mais novos. Sempre disponível para os grandes eventos como para as modestas tarefas do quotidiano, sempre pronta a ajudar os seus amigos nas horas menos boas.

Por tudo o que escrevi, e também por tudo o que não escrevi (para parafrasear o saudoso Eduardo Prado Coelho), quero aqui exarar a minha admiração por Isabel da Nóbrega, que é uma verdadeira força da natureza,
e agradecer-lhe a sua valiosa contribuição para as letras e para a cultura em Portugal.





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